top of page


Você, mulher musicista, já quis formar uma banda com outras garotas, entrou em comunidades online, grupos e mais grupos em redes sociais, e até colocou um anúncio no mural da escola de música ou conservatório, mas só encontrou os meninos de sempre? Zero problema em formar bandas com meninos, mas, mana, é bom demais montar coletivos de garotas pra criar projetos, confabular e fazer um som com as minas!


Somos de uma geração que cresceu ouvindo que "muita mulher junto não dá certo", entre outras frases do tipo, e hoje a gente sabe que era mais uma forma de nos desarticular enquanto grupo, retirando de nós a possibilidade de organização e mobilização coletiva pelos nossos direitos e interesses. Muitos pais e mães também nos disseram que guitarras barulhentas e baterias eram coisas de garotos sujinhos, e que era melhor ir fazer aula de bordado ou balé. Mas... fazer o quê, a música é um ímã! E agora chegou a hora da revanche :) Bora fazer um som?


Lettering escrito Mina sem Banda, alternando com o texto Mina com Banda

O Mina sem Banda é um projeto que nasce do ventre da pós em Rock, curso de Especialização que estou cursando na Faculdade Santa Marcelina (FASM/SP), como projeto final da disciplina de Produção Executiva. Além dessa necessidade objetiva, surge também como resposta ao fato de muitos festivais (tanto mainstream quando undergrounds!) ainda terem uma porcentagem muito pequena de mulheres nos palcos (confira esta pesquisa aqui!). Queremos que mais bandas com mulheres sejam formadas, e queremos festivais com palcos mais representativos!


O objetivo do Mina, muito inspirada pelo projeto Girls Rock Camp (que eu AMO de paixão!) é criar e nutrir uma rede de mulheres interessadas em montar uma banda e/ou fazer jam sessions regulares com outras musicistas da sua cidade ou região! A ideia inicial, claro, era chamar todo mundo pra uma maravilhosa aglomeração presencial dentro de estúdios, pra já sair tocando, mas né? Por estarmos passando neste 2020 por uma pandemia, (risos nervosos) os planos mudaram um pouco e a programação do projeto inicia de forma remota, com planos de etapas presenciais num futuro próximo!


A programação, que está sendo cocriada com musicistas parceiras, será divulgada aos poucos pelas redes sociais! Acompanhe o Mina sem Banda no instagram e bora construir um futuro com muito mais bandas girl power!

Atualizado: 22 de mai. de 2024


Enquanto cursava a pós-graduação, numa aula sobre Revoluções do Rock tivemos Bianca Jhordão, vocalista e guitarrista da banda Leela, como convidada pra bater um papo com a gente sobre representatividade feminina na cena rock brasileira. Desde então acabamos nos aproximando e desenrolando alguns projetos juntas.


Pra quem não a conhece, uma breve apresentação: Bianca, com sua primeira banda, Polux, percorreu por três anos o cenário underground brasileiro. Na sequência, com o guitarrista Rodrigo Brandão, formou a banda Leela, que lançou seu primeiro álbum em 2004 e incluía canções como “Te Procuro”, que foi tema da telenovela Malhação. O segundo álbum veio em 2007, mesmo ano em que se mudou para São Paulo e foi convidada a apresentar o programa “Nickers”, do canal de televisão Nickelodeon. Continuando na TV, Bianca assumiu também o programa “Combo: Fala+Joga”, no canal PlayTV e, em 2014, foi jurada do reality-show “Breakout Brasil”, no canal Sony Brasil. (Texto extraído desta matéria aqui.)


Nos últimos tempos, a banda está super focada em novas composições e numa série de videoclipes muuuito incríveis. Na ocasião do lançamento do videoclipe do single Scarfacebook, fizemos em parceria a criação de uma estampa comemorativa!


Confere o videoclipe:


E agora se liga como foi o processo de criação da estampa, da qual fiz direção de arte e foi ilustrada pela maravilhosa Vanessa Reyes.


Começamos fazendo uma análise e levantamento de referências dentro do próprio videoclipe, observando as personagens, texturas, luzes e sombras, além de aspectos conceituais abordados na letra e nas cenas:

A partir das observações e conceitos, montamos um moodboard, ou o famoso painel de referências, pra entender como poderíamos criar uma metáfora visual sobre a música! Nosso painel conceitual e abaixo, formal, pensando em qual estilo gráfico poderíamos usar para materializar a ilustração. Escolhemos a linguagem quadrinhos/vintage por ter um diálogo com o história da própria Bianca no mundo gamer/cultura pop.



De toda essa salada, nasceram algumas ideias:


E por último nossa versão final e a camiseta pronta, em uso pela própria Bianca!


E aí, curtiram? Esperamos que sim! Vocês podem comprar a camiseta falando diretamente com a banda pelas redes deles! Ah, e a camiseta foi lindamente produzida e silkada pela estamparia mais massa de São Paulo, a SP Rock!


Taí mais uma das coisas que o Design pode fazer pelo Rock! <3 Yeah!


Atualizado: 22 de mai. de 2024




Passei três anos da minha adolescência estudando canto lírico. Aos 16, ao entrar na minha primeira banda (e cair no poço sem fundo do rock’n roll), conheci a voz de Janis Joplin. Eu a odiava. Aqueles berros, a voz rasgada, aquele descontrole; caos e a total oposição à limpeza e “organização” do canto lírico. Relutei meses até que, enfim, topei tirar Piece of my Heart. Tirei, ensaiamos, tocamos - e foi lindo. Catártico. Me rendi - e minha vida nunca mais foi a mesma depois desse episódio. Tudo o que eu sabia sobre canto desmoronava diante dos meus olhos - e dos meus ouvidos.


Por isso, Cheap Thrills: uma escolha emocional para analisar um disco que me conecta com uma parte muito importante da minha vida e da minha relação com o rock’n roll.

Além de importante para mim, é um disco relevante para a história do Rock: considerado o 338º melhor álbum de todos os tempos na lista dos 500 maiores álbuns da revista Rolling Stone, é cultuado como uma das maiores gravações dos anos 60 (teve seu lançamento em 1968), e possui a emblemática capa com ilustrações coloridas em quadrinhos, feita por Robert Crumb, que é tida como a 9ª capa mais bonita de todos os tempos, eleita também pela revista Rolling Stone. Nesta análise, opto por focar nos aspectos visuais da capa, por ser minha área de domínio enquanto designer gráfica.


Originalmente sob o nome Sex, Dope and Cheap Thrills, o disco teve boa parte da proposta original censurada pela gravadora: o nome cortado para Cheap Thrills, e a capa, antes uma foto dos integrantes da banda nus em cima de uma cama, em seu lugar recebeu a arte de Crumb, reconhecido como um dos fundadores do movimento underground dos quadrinhos americanos e ícone da contracultura, de quem Janis Joplin era declaradamente fã.


“Eu apenas fiz isso como um trabalho comercial, de ‘aluguel’”, diz Crumb, que estava construindo carreira como um dos cartunistas originais da Zap Comix. Ele desenhou esta peça como a contracapa, mas a banda e a gravadora decidiram usá-la na frente, por acharem-na genial - e bem melhor que os nudes da banda.


Como é sabido, Janis tinha métodos pouco ortodoxos de trabalhar, por isso deu ao ilustrador apenas uma noite para criação da peça - que foi regada a muito LSD. Daí as figuras em cenas psicodélicas e cores vibrantes, como a ilustração atribuída à canção Piece of my Heart, onde se vê um cara salivando, na intenção de devorar um coração como se fosse um bife... “Janis costumava aparecer durante a noite, fumar maconha, olhar os desenhos e falar sobre eles”, lembra Crumb. “Ela era legal.”

Curiosidade: Para este projeto, a Columbia CBS iria pagar a Crumb a quantia de 600 dólares, mas não se sabe se ele recebeu ou sequer quis este dinheiro, pois a gravadora o tratou com desrespeito ao solicitar certas “refações” ou alterações na arte com as quais ele não concordava. Ele também não recebeu nem um centavo relativo às vendas milionárias, pois não tinha os direitos autorais da peça. O projeto original, entregue à Columbia, nunca foi devolvido a Crumb ou à banda, e foi dado como perdido por décadas. Reapareceu magicamente pouco antes do ano 2000, num leilão, onde foi vendido por 25 mil dólares a um colecionador desconhecido.



OBS.: Um detalhe da capa sempre me deixou intrigada: o selo de aprovação do motoclube Hell’s Angels no canto inferior direito. Investigando, descobri que Janis possuía simpatia pelo grupo e amizade com seus membros. Na época, existia uma relação entre os hippies e os Angels, cujo caminho foi aberto pelo escritor Ken Kesey e liderado pelos membros da Big Brother, uma vez que os motociclistas eram uma importante conexão com o transporte de drogas, especialmente maconha e anfetamina. No documentário Little Girl Blue, sobre a vida de Joplin, é possível ver membros do Hell’s Angels acomodados na plateia do show da Big Brother and the Holding Company no Monterey Pop Festival, em 1967.



Apesar de gostar muito dele, percebo o projeto gráfico deste disco como “no meio do caminho”. No produto final ficam evidentes as discordâncias e mudanças de planos, uma vez que nenhuma parte da capa se conecta com a outra.


A arte de Crumb fica isolada na frente, sem nenhum elemento que se conecte com ela nas outras faces; há uma foto produzida de Janis em alto contraste na contracapa, que também não dialoga com a foto do interior, onde se vê a banda em cima do palco, na tentativa de vender a ideia de que o disco foi gravado ao vivo quando, na verdade, apenas uma faixa foi gravada desse modo. O restante das músicas, que tem efeitos falsos de reação da plateia, dá mais ainda a cara de “meio do caminho” a este álbum pois segundo relatos, não transmite a verdadeira essência e energia de suas performances ao vivo.


 

Referências


BERG, Amy; Janis - Little Girl Blue; 2015. (Documentário)

ECHOLS, Alice; Shaky Ground: The Sixties and Its Aftershocks; 2002. (Livro)

MACDONALD, Bruno; Rock connections; 2010. (Livro)


Sites pesquisados


Adrienne Reyes | Comunicação e Identidades visuais para a economia criativa | 2025

bottom of page